A Teoria da Evolução é controversa porque é percebida por algumas pessoas como sendo incompatível com crenças religiosas, especialmente no que diz respeito à natureza e às origens humanas. Nos Estados Unidos, a assim chamada oposição criacionista à Evolução fala tão alto que chegou a ameaçar o financiamento de órgãos federais para a pesquisa evolutiva, a despeito de seu valor científico básico e de suas numerosas aplicações. De igual importância é o fato de ela ter levado os sistemas de ensino público a minimizarem a educação em Ciência Evolutiva, contribuindo para um amplo analfabetismo científico. (Um estudo de 1988 sobre o domínio da Ciência por jovens de todo o mundo classificou os norte-americanos entre os 25 porcento mais baixos, atrás de estudantes de países como o Japão, a Inglaterra e a Hungria). Mais da metade dos norte-americanos acreditam que o ser humano foi criado em sua forma atual cerca de 10.000 anos atrás, embora já faça quase um século que a realidade da Evolução — incluindo a Evolução humana — não gera controvérsias sérias entre os cientistas.
Padres, Pastores, Rabinos e o Papa João Paulo
II ratificaram a validade da Ciência Evolutiva, ratificando ao mesmo tempo a validade
espiritual dos ensinamentos da Bíblia. Existem, na realidade, alguns clérigos
que ensinam sobre a Evolução e até fazem pesquisas evolutivas. Entre os
próprios biólogos que se dedicam ao estudo da Evolução, há ateus, agnósticos e
devotos praticantes de várias religiões. A maioria dos teólogos parece
concordar com a idéia de que considerar que a fé em Deus é ou não compatível
com a aceitação da Evolução é questão de decisão individual. A maioria dos
biólogos que estudam a Evolução concorda que as questões referentes à crença
espiritual não podem ser decididas pela Ciência, que, pela sua natureza, é
limitada a determinar causas naturais observáveis, não pode pronunciar-se a
respeito de assuntos sobrenaturais e não pode dar respostas a perguntas filosóficas
ou éticas fundamentais.
Este último ponto precisa ser
enfatizado. Os antievolucionistas acusaram a Evolução de despojar a sociedade
de todo fundamento da moralidade e da ética e de ensinar uma visão materialista
do mundo, o que justificaria a lei do mais forte. Mas a Ciência da Evolução
nunca ensinou nada disso e, praticada corretamente, não pode ensinar qualquer
coisa desse tipo, pois a ciência em si não tem conteúdo moral ou ético, para o
bem ou para o mal. Quer a ciência seja a Física, quer a Biologia Evolutiva, ela
somente nos ensina como é e como funciona o mundo observável. Ciências como a
Física, a Química, a Geologia, a Fisiologia e a Neurobiologia, exatamente como
a Biologia Evolutiva, não admitem causas sobrenaturais para as ações dos
átomos, a energia do sol, a saúde ou as doenças do corpo humano ou os poderes
do cérebro humano. Estas ciências reconhecem somente causas naturais, materiais,
e nós nos baseamos em suas teorias naturalistas quando construímos aviões, sintetizamos
novos plásticos, ouvimos a previsão do tempo ou consultamos os nossos médicos. Não
aplicaríamos princípios religiosos a essas atividades, da mesma forma que não
procuraríamos médicos, engenheiros ou químicos para nos darem orientação moral.
O mesmo ocorre com a Ciência da Evolução: nem mais nem menos materialista do
que qualquer outra ciência, ela não oferece orientação moral, somente uma
análise desapaixonada sobre como funcionam e como se formaram os sistemas
biológicos. Qual o uso que faremos dessas informações cabe aos indivíduos e à
sociedade decidir.
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